Vivemos tempos em que a realidade parece cada vez mais distorcida, com práticas que desafiam não apenas a razão, mas também os princípios estabelecidos por Deus. Recentemente, vídeos viralizaram nas redes sociais mostrando mulheres simulando partos de bonecas hiperrealistas conhecidas como "bebês reborn".
Essas bonecas são tratadas como se fossem crianças reais, com direito a enxovais, quartos decorados e até modelos de certidões de nascimento. Em alguns casos, há relatos de mulheres consultando os meios jurídicos para tentar buscar o reconhecimento legal da "guarda" desses bonecos e até requerendo a divisão de despesas com ex-cônjuge.
Esse fenômeno reflete uma crise mais profunda: a desconexão do ser humano com o propósito divino da maternidade e da família. A Bíblia nos ensina que os filhos são herança do Senhor (Salmos 127:3) e que a maternidade é uma bênção. Ao substituir filhos reais por bonecos, corre-se o risco de banalizar o valor da vida e desviar-se do plano de Deus para a família.
Paralelamente, observamos uma queda significativa na taxa de natalidade no Brasil. Dados do IBGE mostraram que, em 2022, o país registrou o menor número de nascimentos desde 1977, com uma redução de 3,5% em relação ao ano anterior. A taxa de fecundidade caiu de 2,32 filhos por mulher em 2000 para 1,57 em 2023 e projeta-se que chegue a 1,44 em 2041.
Essa tendência preocupa, pois mostra uma sociedade que se afasta do valor da procriação e da formação de famílias. Enquanto nossas avós muitas vezes criavam famílias numerosas, hoje muitos casais optam por não ter filhos ou limitar-se a um único filho.
Embora decisões sobre maternidade sejam pessoais e complexas, é essencial refletir sobre os motivos que levam a esse declínio e buscar alinhamento com os princípios bíblicos. Como comunidade cristã, é nosso dever orientar e apoiar as mulheres em sua jornada, lembrando-as do valor e propósito que Deus atribui à maternidade.
Devemos encorajar a busca por filhos reais, educando-os no caminho do Senhor, e alertando-os sobre práticas que possam desviar do plano divino. Que possamos ser luz em meio às trevas, promovendo a verdade e o amor de Deus em todas as áreas da vida. "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele" Provérbios 22:6.
Além da distorção espiritual e da inversão de valores que essa prática representa, também há sérios riscos psicológicos envolvidos. O apego afetivo a um objeto inanimado, como os bebês reborn, pode abrir portas para transtornos emocionais e dissociações da realidade.
Em alguns casos, a boneca não apenas substitui um filho, mas preenche lacunas profundas de solidão, frustração e traumas não tratados, o que pode atrasar ou até impedir processos saudáveis de cura, luto e crescimento emocional.
Esse tipo de substituição artificial compromete a saúde mental e emocional, criando vínculos ilusórios que não respondem à necessidade real de conexão humana. O resultado pode ser uma vida ainda mais isolada, marcada por dependência emocional, fuga da realidade e, em casos extremos, confusão de identidade e afetividade.
Embora seja compreensível que algumas mulheres lidem com a dor da esterilidade através de recursos simbólicos, como os bebês reborn, é necessário discernir que, em muitos casos, o problema não é a ausência de filhos, mas a recusa à responsabilidade da maternidade real.
Em uma geração que preza por autonomia e controle absoluto sobre tudo, cuidar de uma boneca é emocionalmente mais cômodo, não exige renúncia, sacrifício, nem compromisso vitalício. É mais fácil desfazer-se de um boneco do que enfrentar os desafios de criar um filho com amor, disciplina e temor a Deus.
Essa escolha revela uma tendência preocupante de evasão da vocação natural e bíblica da mulher, que é honrada por Deus: "A mulher será preservada através da maternidade, se permanecer em fé, amor e santificação, com bom senso" 1 Timóteo 2:15. A maternidade, quando vivida à luz do evangelho, não é um fardo, mas um ministério de vida e graça.
Deus criou o ser humano para relacionar-se com outros seres humanos e não com objetos que simulam sentimentos. A carência afetiva não deve ser anestesiada com fantasias, mas sim tratada à luz da Palavra de Deus, com apoio espiritual, emocional e social. A cura verdadeira está em Cristo, o único que preenche os vazios da alma. "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei" Mateus 11:28.
Como igreja, precisamos oferecer um espaço de acolhimento e verdade, onde essas dores possam ser tratadas com amor, sabedoria e discernimento. Que sejamos vigilantes, ajudando nossas irmãs a não caírem em ciladas que, embora pareçam inofensivas ou até terapêuticas, distanciam do propósito de Deus e fragilizam o espírito.
Pela fé também a mesma Sara recebeu o poder de conceber,
e deu à luz já fora da idade; porquanto teve por
fiel aquele que o tinha prometido.
Hebreus 11:11
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