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A CRUZ AINDA OFENDE: Vivendo com ousadia em tempos de neutralidade.

Numa era em que a neutralidade é exaltada como virtude, muitos preferem não se posicionar, não expressar convicções claras, para não ofender, não contrariar, não perder aceitação.

Contudo, a cruz de Cristo jamais foi neutra. Desde o primeiro século, ela ofende porque expõe a realidade do pecado humano e a necessidade absoluta de redenção.

O apóstolo Paulo afirmou com clareza: “Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus” (I Coríntios 1:18).

Quando olhamos para os dias atuais, percebemos que vivemos um tempo muito parecido com o de Paulo. Em meio ao politeísmo grego e à religiosidade judaica, ele não negociou sua mensagem: pregava Cristo crucificado, escândalo para uns e loucura para outros (I Coríntios 1:23). 

Hoje, em meio a um mundo que relativiza tudo, que rejeita verdades absolutas e prefere a conveniência à fidelidade, a cruz continua soando como afronta. Ela desmascara o orgulho humano, confronta o pecado e aponta para a exclusividade de Cristo como único caminho de salvação.

Exemplos cotidianos nos mostram como essa ofensa ainda se manifesta. Um jovem que se recusa a participar de práticas imorais é taxado de ultrapassado. Um trabalhador que decide manter a honestidade em meio à corrupção é visto como ingênuo.

Uma família que prioriza os valores do Reino em vez das tendências da cultura é acusada de intolerante. Em todas essas situações, não há como viver a fé cristã de forma neutra. A cruz exige posicionamento e, muitas vezes, esse posicionamento custará rejeição.

A Bíblia nos dá o exemplo de Estêvão, o primeiro mártir cristão. Cheio do Espírito Santo, ele ousou proclamar a verdade diante do Sinédrio, denunciando o endurecimento de coração dos líderes religiosos.

Sua pregação foi tão incisiva que não puderam suportar suas palavras, levando-o à morte por apedrejamento (Atos 7:54-60). Estêvão não buscou neutralidade, mas viveu com ousadia até o último suspiro, fixando os olhos em Cristo.

Sua vida nos lembra que a cruz não apenas ofende, mas também sustenta, porque mesmo diante da perseguição ele pôde ver “a glória de Deus e Jesus, que estava em pé, à direita de Deus” (Atos 7:55).

Ousadia não é arrogância, mas coragem de permanecer fiel em amor, ainda que sejamos incompreendidos. É viver o que Pedro declarou diante das autoridades religiosas: “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5:29).

É anunciar o evangelho com graça e firmeza, sem diluir sua mensagem para torná-la aceitável aos padrões humanos. A cruz ainda ofende, mas é exatamente nessa ofensa que encontramos vida.

Se ela humilha o orgulho humano, é porque exalta a glória de Deus. Se ela confronta nossos pecados, é porque oferece perdão completo em Cristo. Se ela divide opiniões, é porque continua sendo o divisor de águas entre aqueles que perecem e aqueles que creem.

Diante dessa realidade, precisamos nos perguntar: em tempos de neutralidade e silêncio, temos vivido com ousadia para carregar a cruz de Cristo, ou temos nos escondido para evitar a ofensa que ela inevitavelmente causa?

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