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ENTRE A TRADIÇÃO HUMANA E O EVANGELHO DE CRISTO: Quando a pregação perde o foco e a Palavra deixa de ser o centro.

Nasci e cresci dentro de uma igreja pela qual tinha profunda consideração. Durante anos, estive presente em seus cultos, me alimentando do que era pregado e participando de suas práticas.

No entanto, com o passar do tempo, percebi que o pouco evangelho que ali havia foi se diluindo, até perder completamente a linha da verdade bíblica. As mensagens que antes deveriam exaltar a Cristo e confrontar o pecado foram sendo reduzidas a repetições de jargões que giravam sempre em torno de bênçãos terrenas ou ameaças de condenação.

Era comum ouvir frases como: “Deus vai mudar o seu cativeiro; em sete dias eu faço uma obra; não coloque a sua mão porque eu vou colocar a minha; eu vou exaltar a sua cabeça; eu vou tirar você de baixo e colocar em cima” (normalmente se referindo a uma causa na justiça); “até a meia-noite de hoje eu faço uma obra”; “se seus inimigos não se arrependerem ou voltarem atrás, eu mandarei para a sepultura e você terá liberdade”; “a pedra irá rolar”.

Embora ditas com entusiasmo, essas expressões pouco tinham a ver com o evangelho genuíno. O que realmente importa numa pregação é que Cristo seja anunciado, que os pecados sejam confrontados e que o povo seja orientado para viver uma vida santa.

A Palavra de Deus é suficiente para alimentar a alma do cristão; não precisamos de revelações que prometa apenas casa, carro, prosperidade e posição social. O problema se agravava ainda mais porque o nome de Jesus quase não era mencionado.

Falava-se muito o Nome de “Deus” ou “Senhor”, mas raramente de Cristo Jesus. E sabemos que é por meio d’Ele que temos salvação, pois está escrito: “E não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu, não existe nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos” (Atos 4:12).

Quando a pregação tira Jesus do centro, ela deixa de ser evangelho. É exatamente o que Jesus condenou ao dizer: “Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos humanos” (Marcos 7:6-7).

O tratamento dado ao pecado também era distorcido. Os pecados sexuais, como adultério e fornicação, eram chamados de “pecados de morte” e levavam à perda da salvação, enquanto outros pecados eram relativizados como simples falhas e fraquezas.

No entanto, a Bíblia é clara: “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23). Não existem pecados pequenos e grandes diante de um Deus santo; todos nos separam d’Ele, e todos necessitam do perdão que há somente em Cristo. 

O apóstolo Paulo também advertiu: “Tenham cuidado para que ninguém os escravize a filosofias vãs e enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo” (Colossenses 2:8).

Esse tipo de ensino distorcido traz consequências sérias na vida espiritual. Muitos passam a viver sob constante medo de perder a salvação a qualquer tropeço, outros carregam culpa excessiva e acham que nunca serão aceitos por Deus.

Há também aqueles que se tornam dependentes da instituição, acreditando que sua vida eterna está garantida apenas se permanecerem ali. O resultado é uma fé frágil, baseada no controle humano, em vez da confiança plena na obra consumada de Cristo na cruz. Mas o evangelho não foi dado para escravizar, e sim para libertar: “Se, pois, o Filho os libertar, vocês serão, de fato, livres” (João 8:36).

Recordo de um culto em que estava especialmente sensível, buscando uma orientação clara de Deus. A mensagem era sobre Mateus 25, as virgens prudentes e as loucas. Mas a aplicação foi distorcida: disseram que as virgens loucas eram aqueles que saíam daquela igreja, “a graça”, e que a salvação dependia de permanecer fiel àquela instituição.

Isso me fez refletir profundamente: será que a salvação da minha alma e da minha família depende de pertencer a uma denominação? Será que quem está fora daquela igreja está a caminho do inferno, enquanto os que permanecem nela têm a vida eterna assegurada?

A resposta, à luz das Escrituras, é não. Salvação não está em uma placa ou tradição, mas em Cristo. Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6).

Quando compreendi isso, decidi servir a Deus de verdade, ao lado da minha família, longe da enganação de uma falsa segurança religiosa. Louvado seja Deus por essa libertação!

E você, tem colocado sua confiança em uma instituição religiosa ou tem certeza de que sua vida está firmada no único fundamento que salva, que é Jesus Cristo? Procure ouvir o chamado de Deus e obedeça-o antes que seja tarde demais.

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