A adoração a Deus
é a essência da nossa existência. Fomos criados para glorificá-lo, exaltá-lo e
render-lhe louvor com todo o nosso ser. O salmista declara: "Louvem
o nome do Senhor, porque só o seu nome é excelso; a sua majestade está acima da
terra e do céu" Salmos 148:13.
Louvar a Deus não
é apenas um ato externo, mas uma resposta genuína do coração que reconhece Sua
santidade, bondade e soberania. No entanto, quando a adoração se torna mecânica
e motivada por interesses pessoais, perde seu verdadeiro propósito.
Em muitos lugares,
o culto a Deus foi substituído por um espetáculo emocionalista, onde a busca
por experiências místicas e de bênçãos tomou o lugar do temor e da reverência.
Mas será que essa é a adoração que Deus deseja? O que acontece quando a fé se torna
apenas um meio para alcançar benefícios terrenos, em vez de um relacionamento
sincero com o Criador?
Eu, por exemplo,
fui criado em um ambiente religioso onde toda orientação para a vida deveria
ser buscada através da "palavra" na igreja. Nenhuma decisão era
tomada sem antes receber uma suposta confirmação divina por meio da pregação.
Desde questões
importantes, como casamento, compra de bens, abertura de negócios, até decisões
corriqueiras, como aceitar uma proposta de emprego, tudo precisava passar por
essa mediação espiritual.
Se a mensagem
recebida fosse favorável, acreditava-se que Deus havia ouvido as orações e
concedido Sua graça. Mas se fosse negativa, a culpa nunca recaía sobre quem
proferia a palavra, mas sobre a falta de fé do ouvinte.
Assim, ao longo do
tempo, percebi que isso gerou uma geração de pessoas acomodadas, que delegavam
todas as decisões da vida a intermediários terrenos, sem buscar um
relacionamento genuíno e pessoal com Deus.
Sabemos que Deus
governa todas as coisas, mas Ele nos chama a crescer em entendimento, a buscar
Sua vontade através da oração e da leitura da Escritura. Não podemos transferir
nossa responsabilidade espiritual a terceiros, pois a única mediação verdadeira
entre Deus e os homens é Jesus Cristo (1 Timóteo 2:5).
Quando se perde
essa consciência, o culto deixa de ser uma oferta de adoração e se torna um
mero instrumento para receber bênçãos e respostas convenientes. E, assim, o preço espiritual é alto. Muitos deixam de ir à igreja por amor a
Deus e passam a frequentá-la apenas em busca de soluções para seus problemas ou
promessas de prosperidade.
Se a palavra
pregada trouxesse promessas de bênçãos, havia euforia, gritos e celebração. Mas
se a palavra exigisse santidade, compromisso e renúncia, o ambiente se tornava tenso e introspectivo. Como resultado, a fé de muitos se tornou superficial,
sem amadurecimento espiritual.
Se os pregadores
da Palavra de Deus buscassem um estudo mais profundo, eram vistos como
"frios" e "letrados", como se o conhecimento bíblico fosse
um obstáculo à ação do Espírito Santo.
Muitos
interpretavam erroneamente 2 Coríntios 3:6, onde o apóstolo Paulo afirma
que "a letra mata, mas o Espírito vivifica", sem
compreender que ele se referia à condenação da Lei sem Cristo, e não ao estudo
diligente das Escrituras, que nos conduz ao verdadeiro conhecimento de Deus.
A consequência de
tudo isso? Igrejas cheias de pessoas imaturas espiritualmente, essa cultura do
imediatismo gerou crentes instáveis, que trocam de igreja na busca por
pregadores mais emocionantes, de palavras "virtuosas", carregadas de
espiritualidade. "Deus está neste lugar!", diziam, não por causa da
fidelidade à Palavra, mas pela empolgação momentânea.
Como folhas ao vento, iam de um lado para outro, sempre em busca de experiências, mas sem raízes profundas na fé e na palavra de Deus. No entanto, aqueles que realmente pertenciam a Cristo chegavam a um ponto em que o Espírito Santo inquietava seus corações, revelando a ausência de algo que verdadeiramente os preenchesse e os conduzindo à fé genuína, firmada na Palavra.
E então surgiam os questionamentos: Por que essas promessas já não fazem mais sentido para mim? O que Deus realmente quer de mim neste lugar? Estou servindo a Deus de verdade ou apenas seguindo tradições humanas? Meu arrependimento é genuíno ou apenas um meio de buscar bênçãos?
Além disso, surgiam dúvidas sobre a própria liderança da igreja: Estão verdadeiramente comprometidos com Cristo Jesus ou apenas preservando sua posição e status? Há ensino, correção e discipulado que promovam um crescimento espiritual genuíno, ou tudo se resume a cultos emocionalistas e promessas de prosperidade?
Diante dessas incertezas, muitos tentavam se convencer a ter paciência, acreditando que, com o tempo, as coisas mudariam. Mas será que a igreja realmente voltaria ao que era antes? Será que os próprios membros desejariam essa transformação? Ou o sistema já estava tão enraizado e corrompido que um retorno genuíno às Escrituras se tornava cada vez mais improvável?
Enquanto isso, a frustração crescia, o ânimo esmorecia e muitos acabavam se afastando da comunhão. Muitas vezes, o vazio espiritual resultava em depressão, ansiedade e até mesmo desespero, pois o Espírito Santo se entristece quando a verdade é negligenciada (Efésios 4:30). E, nesse momento de fragilidade, o inimigo da nossa alma sussurrava: "Deus não te ama mais".
Quantas vezes
entrávamos na igreja em busca de alívio para a alma, mas saíamos mais
sobrecarregados do que quando chegamos? Em vez de encontrarmos paz, saíamos
espiritualmente abatidos, tristes e sem esperança.
Esse sentimento,
quando se torna recorrente, nos enfraquece e nos leva à desmotivação, tornando
a caminhada cristã um fardo difícil de carregar. Infelizmente, essa realidade
não era vivida apenas por mim, mas por muitos irmãos que, até hoje, sofrem em
silêncio, sem saber a quem recorrer, sem forças para expressar a dor que
carregam.
Quantos têm
entrado e saído dos cultos sem sentir a presença de Deus, sem serem edificados,
apenas acumulando frustrações? Será que temos nos permitido ser transformados
pelo Senhor, ou estamos apenas sobrevivendo na fé — presentes fisicamente, mas
com o coração distante, sem vida e sem esperança?
Mas será que foi
Deus quem se afastou de nós, ou fomos nós que permitimos que a frieza
espiritual, as ilusões humanas e o comodismo de apenas esperar n'Ele tomassem
espaço em nosso coração?
E quando nos
afastamos, as críticas sempre vêm: "Está vendo? Não deu valor às coisas de
Deus! Não confiou na palavra revelada na igreja! Agora se perdeu para o
mundo!" Mas será que a raiz do problema é realmente essa? Ou será que
faltou um pastoreio verdadeiro, fundamentado no amor, na graça e no ensino
genuíno das Escrituras?
Será que não
faltou ensino sobre como viver em santidade, resistir ao pecado e enfrentar as
lutas da vida com fé? O erro foi exclusivamente nosso, ou a igreja negligenciou
seu papel de discipular e edificar os fiéis na verdade?
Onde está o ensino
sobre a suficiência de Cristo? Sobre o contentamento em Deus? Sobre a
verdadeira adoração que não se baseia em emoções passageiras, mas em um
relacionamento profundo e sincero com o Senhor?
A realidade é que
nos esquecemos de que somos peregrinos nesta terra (1 Pedro 2:11). Nossa
esperança não está em templos luxuosos, mas no Senhor que voltará para buscar
Seu povo.
O crescimento da
igreja não pode ser medido pela quantidade de bens que acumula, mas pela
transformação genuína das vidas. O evangelho não é um instrumento de marketing
para atrair multidões, mas o poder de Deus para a salvação (Romanos 1:16).
Mas qual foi o
modelo deixado por Cristo? Ele não acumulou riquezas, não construiu templos
grandiosos, mas investiu em pessoas. A Igreja primitiva compartilhava tudo o
que tinha, cuidava dos necessitados e pregava um evangelho simples e
transformador (Atos 2:44-47).
O que precisamos é
de um retorno à centralidade de Cristo. A cruz não é um acessório teológico,
mas a essência da nossa fé. Foi ali que Jesus derramou Seu sangue para nos
redimir e é para Ele que devemos olhar (Hebreus 12:2). Nossa vida cristã deve
refletir essa verdade, com compromisso, santidade e amor pela Palavra.
E assim ficam os
questionamentos: Estamos servindo a Deus ou a nós mesmos? Nosso desejo de ir à
igreja vem de um coração que ama ao Senhor ou de uma expectativa de bênçãos?
Queremos um
evangelho que nos confronte e transforme, ou apenas um que nos agrade? Estamos
buscando o Reino de Deus e a Sua justiça, ou apenas as demais coisas que Ele
pode nos acrescentar (Mateus 6:33)?
Quando olhamos
para nossa caminhada cristã, vemos crescimento espiritual ou apenas costume e
religiosidade? O que de fato significa "seguir a Cristo Jesus" para
nós? Estamos dispostos a carregar nossa cruz ou apenas queremos as coroas e
recompensas?
Que Deus nos
conceda discernimento e um coração inclinado à Sua verdade, para que não
sejamos levados por ventos de doutrina ou enganados por um evangelho
superficial. Que possamos viver de modo digno da vocação que recebemos em
Cristo (Efésios 4:1), alicerçados em Sua Palavra e fortalecidos pela fé genuína
que transforma vidas.
Diante de tudo
isso, convido você a refletir: como está sua vida com Deus hoje? Você tem
encontrado verdadeira alegria em Sua presença ou sente um vazio espiritual? Sua
fé está alicerçada na verdade da Palavra ou sustentada apenas por expectativas
de bênçãos? Sua adoração é sincera e fruto de um coração transformado ou apenas
um reflexo de um sistema religioso que impõe regras e padrões?
Se sua caminhada
tem sido difícil, se o peso da religiosidade tem sufocado sua fé, lembre-se:
Deus não deseja que você viva em um ciclo de medo, cobranças e decepções. Ele
deseja um relacionamento real, baseado na graça e na verdade. Como Jesus disse: “Vinde
a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu os aliviarei” Mateus
11:28.
E você, como tem sido sua jornada espiritual? Sua fé tem sido um reflexo genuíno do que a Palavra de Deus ensina ou tem sido moldada pelas expectativas de um sistema religioso? O que tem sustentado sua caminhada com Cristo Jesus? Compartilhe sua reflexão!
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