Sem dúvidas, há dias em que o amor está sendo redefinido por uma cultura centrada no "eu". Frases como “ame-se primeiro”, “não se sacrifique por ninguém”, “ninguém sente sua dor” e “você vem em primeiro lugar” se tornaram comuns.
Publicações nas redes sociais apelam para a exaustão emocional das pessoas e oferecem uma solução perigosa: pare de servir, pare de se doar, viva para si. À primeira vista, tudo isso parece fazer muito sentido. Mas quando colocamos essas ideias diante da Palavra de Deus, percebemos que há algo profundamente errado.
Vi uma postagem que dizia “continue dando atenção a quem não te valoriza, e adoeça...” sugere que devemos colocar limites no amor com base no retorno que recebemos. Mas será que isso é bíblico? Será que é assim que Deus nos amou?
Jesus Cristo nos amou quando nós ainda éramos pecadores, inimigos, indiferentes à Sua presença (Romanos 5:8). Ele se entregou por nós não porque merecíamos, mas porque o amor verdadeiro é doação, não barganha.
O mandamento “Ame ao próximo como a si mesmo” (Mateus 22:39) não está dizendo: “Primeiro se ame muito, depois ame os outros proporcionalmente”, mas sim: “Ame os outros com a mesma intensidade e zelo com que você naturalmente já cuida de si”.
Sim, é bíblico cuidar do próprio corpo, da saúde e ter equilíbrio. O próprio Jesus descansava e se retirava para orar. Mas Ele nunca deixou de amar, mesmo quando isso Lhe custava a própria vida. Ele lavou os pés de Judas. Ele curou multidões cansado. Ele foi rejeitado, desprezado e ainda assim se entregou por amor.
Não existe amor cristão sem cruz. E não existe cruz sem sacrifício. O amor que Jesus ensinou e viveu não é aquele que pergunta: “O que eu recebo em troca?” Ele nos chamou a amar nossos inimigos, orar pelos que nos perseguem, perdoar setenta vezes sete, dar a outra face. Isso é ilógico para o mundo. É escândalo. Mas é o evangelho.
“Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa terão? Até os publicanos fazem isso!” Mateus 5:46. O amor cristão não é motivado por reconhecimento, nem condicionado pela reciprocidade. Ele é fruto do Espírito e flui de um coração rendido a Deus.
E sim, por vezes, amar dói. Mas essa dor não é enfermidade, é santificação. A ideia de que “adoeceremos por amar demais” é falsa. O que adoece o cristão não é o excesso de amor, mas a ausência da fonte dele: Cristo.
A exaustão espiritual vem quando tentamos amar com nossas próprias forças, sem comunhão com Deus. Quando amamos com Cristo em nós, há graça suficiente, mesmo nos dias de cansaço. É verdade que não devemos assumir o papel de salvador de ninguém, esse já é de Cristo.
Mas também não podemos viver em um evangelho de autoproteção e frieza disfarçado de “amor próprio”. O cristão deve viver com sabedoria, sim, mas com o coração aberto ao amor sacrificial.
Em vez de perguntar: “O que estou recebendo?”, pergunte: “Estou refletindo o amor de Cristo no que estou fazendo?” O verdadeiro descanso não está em parar de amar, mas em aprender a amar em Cristo, por Cristo e para Cristo.
O amor do evangelho é mais profundo do que o conforto e mais poderoso do que o ego. Que o Senhor nos dê um coração cheio da verdade, disposto a amar mesmo quando não for valorizado, pois foi assim que Ele nos amou primeiro.
Comentários
Postar um comentário