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QUANDO A IGREJA DISTORCE A VERDADE: Discernindo a doutrina entre tradição e escritura.

Em muitos lugares, o evangelho tem sido proclamado com aparência de piedade, mas sem o poder transformador da Palavra. O que vemos, infelizmente, é uma substituição sutil e às vezes escancarada da autoridade das Escrituras pela autoridade da tradição humana.

Igrejas inteiras passam a girar em torno de normas não bíblicas, costumes enraizados, regras feitas por homens, criando um ambiente onde a Escritura é citada, mas não obedecida; reverenciada, mas não compreendida; exaltada, mas não praticada. Essa distorção da verdade acontece de forma perigosa quando tradições passam a ocupar o lugar da Bíblia.

Aquilo que deveria ser apenas um costume cultural ou uma forma específica de prática local torna-se regra de fé e conduta, como se tivesse sido ordenado diretamente por Deus. O resultado? Fardos pesados são colocados sobre os ombros das pessoas, a liberdade cristã é sufocada e a graça é ofuscada por rituais vazios.

Jesus confrontou esse mesmo problema com os fariseus do seu tempo, dizendo: “Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Vocês negligenciam o mandamento de Deus, e guardam a tradição dos homens” Marcos 7:7-8. Não é de hoje que tradições religiosas se impõem sobre a Escritura.

O problema não está necessariamente na existência de tradições, mas no momento em que elas se tornam inquestionáveis, absolutas e ganham peso doutrinário sem respaldo bíblico. Quando alguém é julgado mais por suas roupas, por um estilo musical, por um formato de culto ou até por sua linguagem do que por sua fé em Cristo, algo está profundamente errado.

E é exatamente nesse ambiente que surge o exclusivismo: a ideia de que “somente aqui está a verdade”; “só os nossos têm a revelação certa”; “fora desse grupo, todos estão errados e no inferno”. Essa mentalidade não apenas isola, mas alimenta o orgulho espiritual e sufoca a verdadeira comunhão cristã.

A unidade da igreja é rompida em nome de uma “pureza” que, na prática, é orgulho religioso travestido de zelo. O apóstolo Paulo enfrentou esse tipo de distorção entre os gálatas, que estavam abandonando a simplicidade do evangelho para abraçar tradições judaicas como se fossem requisitos para a salvação.

Ele escreveu com firmeza: “Estou admirado de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho. O qual, na verdade, não é outro...” Gálatas 1:6-7.

Doutrina verdadeira não nasce da tradição, mas da revelação. E a única fonte segura de revelação é a Palavra de Deus. Toda tradição, costume ou prática deve ser julgada pela Escritura e nunca o contrário. A fidelidade a Deus exige discernimento.

Precisamos ser como os bereanos, que examinavam diariamente as Escrituras para ver se o que estavam ouvindo era realmente a verdade (Atos 17:11). Precisamos ter coragem para romper com tradições que obscurecem o evangelho e humildade para reconhecer quando estamos mais apegados a costumes do que à cruz.

Cristo não nos chamou para uma religião moldada por regras humanas, mas para uma vida transformada pela verdade revelada em sua Palavra. Que o nosso compromisso seja com a Escritura acima de qualquer tradição e com o Senhor da Palavra acima de qualquer instituição. “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” João 17:17.

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