“Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.”
2 Timóteo 3:5
Uma geração que se contenta com a estética da fé, mas que nega o seu poder transformador. Muitos professam ser cristãos, mantêm um linguajar religioso, têm reverência externa, talvez até ocupem cargos ou ministérios, mas por dentro vivem vazios, desanimados, e espiritualmente mortos.
Essa é uma das marcas dos últimos dias, como Paulo advertiu a Timóteo (2 Timóteo 3:1-5). A crise dos “quase desigrejados” ou dos “frequentadores formais” é real. Muitos perderam o encanto pela comunhão, pela palavra, pela adoração verdadeira, pela missão.
Alguns até continuam nos bancos das igrejas, mas com o coração distante, anestesiado pela rotina religiosa. Outros já se afastaram completamente, alegando feridas, frustrações ou desacordos com a instituição, e agora tentam viver uma fé solitária e sem corpo.
O cristão foi chamado para a comunhão. A igreja não é uma opção, é o corpo de Cristo, do qual Ele é o cabeça (Efésios 4:15-16). Desprezar o corpo é desprezar o próprio Cristo. O Espírito Santo nos une não apenas a Deus, mas uns aos outros. A espiritualidade isolada é frágil, vulnerável e antibíblica.
A falta de envolvimento com a Palavra, com a oração, com a vida em comunidade e com a missão é um terreno fértil para a apostasia. O desânimo, a frieza, o abandono da fé raramente acontecem de forma abrupta. É um processo silencioso, lento, alimentado por uma espiritualidade superficial, por feridas não tratadas, por expectativas frustradas e, principalmente, por autoengano religioso.
A Bíblia nos alerta: “Acautelai-vos, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje...” Hebreus 3:12-13.
Muitos, feridos ou decepcionados com a estrutura eclesiástica, acreditam que poderão mudar tudo com sua própria visão. No entanto, sem arrependimento genuíno, sem reforma pessoal, sem desejo de submissão ao modelo bíblico, a frustração se repete. Não é apenas o sistema que precisa de mudança, é o coração do homem.
Além disso, é ilusão pensar que mudanças reais virão de baixo para cima se não houver quebrantamento, ensino sólido e temor a Deus nas lideranças (no topo), nos líderes intermediários (meio) e nos membros (base). Jesus nos ensinou que uma casa dividida contra si mesma não subsiste (Mateus 12:25), e que o fermento dos fariseus contamina toda a massa (Lucas 12:1). Portanto, é preciso uma reforma que comece em cada indivíduo, mas que também atinja a estrutura.
Outro ponto que merece atenção é o desequilíbrio entre ministérios, música ou liderança e a fome pela Palavra. Muitos se satisfazem com emoções, com experiências esporádicas, com cânticos tocantes, mas sem transformação contínua pela verdade bíblica. A Bíblia é clara: “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Cristo” Romanos 10:17.
A música é um instrumento maravilhoso para louvar e edificar, mas não substitui o alimento da alma, que é a Escritura. Muitos hoje vivem de eventos, de louvor, de cultos performáticos, mas não se alimentam diariamente da Palavra, não oram, não se arrependem, não jejuam, não obedecem.
O resultado? Um povo cansado, desiludido, imaturo, vivendo de aparência, muitas vezes encoberto por títulos ou funções. Outros, por não suportarem a hipocrisia ou o peso que carregam, desistem, e se afastam da igreja. Satanás se aproveita disso para enganar, confundir, endurecer e destruir.
O chamado de Cristo não é para uma vida cristã de fachada, nem para uma fé institucionalizada e fria. É um chamado para viver em comunhão com Ele e com os irmãos, buscando em Sua Palavra a verdade, sendo moldado à imagem de Cristo, e servindo com amor e fidelidade.
A fé verdadeira gera compromisso. Quem nasceu de novo tem sede de Deus, tem prazer na comunhão, reconhece sua fraqueza e depende do corpo. Não vive isolado, não vive de aparência, não foge da Palavra. “Eles perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações” Atos 2:42.
Esse é o padrão da igreja verdadeira: doutrina + comunhão + adoração + oração. Tudo fora disso é apenas forma, e a forma, sem o Espírito, não tem poder.
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