Nossos dias são marcados pela saturação de informações, onde as vozes são muitas, os dados são incessantes e as narrativas se multiplicam a cada instante. Através de telas, redes, celulares e discursos, somos bombardeados por conteúdos que parecem ter o propósito de formar opinião mais do que revelar a verdade.
Vivemos conectados, mas cada vez mais desorientados. Nesse cenário, não são poucos os que, embora bem-intencionados, acabam sendo sensibilizados por falas e ideias que distorcem os princípios bíblicos.
Notícias falsas, teorias conspiratórias, filosofias humanistas e argumentos sofisticados têm seduzido corações sinceros, fazendo com que muitos acreditem estar na verdade quando, na realidade, estão afundando lentamente na lama da mentira.
Essa confusão não é acidental. Ela é fruto de um tempo em que a sociedade passou a chamar o errado de certo e o certo de errado. Os fundamentos morais, éticos e cristãos estão sendo deliberadamente relativizados.
A voz da consciência está sendo silenciada pelo ruído da cultura e a verdade está sendo trocada pela conveniência. Paulo, escrevendo aos Romanos, já alertava sobre essa troca: “mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador” Romanos 1:25.
Diante disso, surge a pergunta: como podemos ajudar essas pessoas que estão convictas de ideias distorcidas? Como lidar com aqueles que foram seduzidos por mensagens bonitas por fora, mas perigosamente enganosas por dentro?
A resposta começa com discernimento espiritual. O apóstolo João escreveu: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus; porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” 1 João 4:1. O cristão precisa ser vigilante.
Não podemos consumir qualquer conteúdo sem antes analisá-lo à luz das Escrituras. Isso inclui vídeos, artigos, mensagens religiosas e até mesmo discursos filosóficos. Há muitas mensagens travestidas de sabedoria, que negam o juízo de Deus, que relativizam a existência do inferno, que pregam um “amor” sem verdade e uma “graça” sem arrependimento.
Foi exatamente isso que vi ao analisar os vídeos que uma pessoa querida me enviou, baseados nas ideias do filósofo Baruch Spinoza. Um homem que, embora inteligente, rejeitou a revelação divina e usou a razão humana como filtro para questionar tudo o que é sobrenatural, inclusive os ensinos mais fundamentais da fé cristã.
Mas a Bíblia afirma que “o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” 1 Coríntios 2:14. Deus não nos deixou à mercê de dúvidas. Ele nos deu a Sua Palavra, viva e eficaz, capaz de discernir o certo do errado, o santo do profano, a luz das trevas.
Quando a Bíblia fala do juízo, ela não está manipulando. Está advertindo. Está revelando o que é real, para que possamos nos preparar. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” João 8:32. A verdade não escraviza, ela liberta. Não sufoca, ela salva. Não oprime, ela consola.
O juízo final é parte da justiça de Deus, não um instrumento de controle. E negar essa realidade não a apaga, apenas aumenta o risco de sermos surpreendidos por ela. Diante de tudo isso, o papel do cristão é claro: precisamos ser luz. Não podemos ser negligentes, nem omissos.
Não fomos chamados para sermos apenas espectadores da decadência moral e espiritual do mundo, mas testemunhas fiéis da verdade. Precisamos ajudar com amor, mas também com firmeza. Precisamos falar, ensinar, confrontar com mansidão e sabedoria, mas sem omitir a gravidade do erro. Deus não espera de nós passividade. Ele nos chamou para sermos atalaias (Ezequiel 33). Se não alertarmos, o sangue será cobrado de nossas mãos.
Também não podemos abrir mão da comunhão cristã. A fé não foi feita para ser vivida de forma solitária. A igreja, mesmo imperfeita, é o corpo de Cristo. Longe dela, tornamo-nos alvos fáceis do engano. A Palavra nos exorta: “não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns” Hebreus 10:25.
A fé isolada é uma fé vulnerável. O Espírito forma um povo, não apenas indivíduos. E no corpo há ensino, proteção, discipulado e correção. Precisamos lembrar sempre que nossa salvação não é por esforço humano, mas pela graça de Deus. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus” Efésios 2:8.
Porém, essa graça nos ensina a renunciar à impiedade e viver de maneira justa e piedosa (Tito 2:11-12). O cristão salvo pela graça manifesta essa salvação por meio de uma vida transformada e vigilante. Se alguém está confuso, ferido ou afastado por causa dos erros das instituições religiosas, precisamos estender a mão.
Precisamos lembrar que o erro dos homens não anula a fidelidade de Deus. Cristo não falhou. Ele continua sendo o caminho, a verdade e a vida. A Palavra permanece inabalável. O Espírito continua operando. E a graça ainda está disponível. Portanto, diante de um mundo onde a mentira é tratada como verdade e o erro é celebrado como liberdade, nossa missão é clara: permanecer na verdade, anunciar a verdade e viver a verdade.
Não com arrogância, mas com temor. Não com indiferença, mas com compaixão. Não com silêncio, mas com fidelidade. Que Deus nos desperte, nos revista de coragem e nos dê discernimento. Que não sejamos cristãos que apenas lamentam o caos, mas que atuam como instrumentos de reconciliação.
Que nossas palavras não sejam motivadas por vaidade, mas por amor à verdade e zelo pelas almas. E se hoje você tem convivido com pessoas que parecem certas em suas convicções, mas estão erradas diante da Palavra de Deus, não desista delas.
Ore, ensine, acompanhe. Seja firme, mas seja presente. Seja claro, mas seja gracioso. A verdade não precisa ser gritada, mas precisa ser proclamada com fidelidade. Pois um dia todos estaremos diante do trono de Deus e naquele dia não valerá quem teve mais argumentos, mas quem se rendeu à verdade.
Chega de sermos distraídos enquanto o engano se espalha. Chega de negociarmos a verdade em nome da paz. Chega de sermos mornos diante do pecado. O mundo precisa da luz que só o Evangelho pode oferecer e essa luz brilha através de mim e de você. Que o Senhor nos encontre fiéis quando Ele voltar.
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